RUA NA RUA
A periferia da cidade na cidade
“Em
relação à fotografia, eu era tomado de um desejo “ontológico”: eu
queria saber a qualquer preço o que ela era “em si”, por que traço
essencial ela se distinguia da comunidade das imagens. Um desejo como
esse queria dizer que, no fundo, fora das evidências provenientes da
técnica e do uso e a despeito de sua formidável expansão contemporâneas,
eu não estava certo de que a Fotografia existisse, de que ela
dispusesse de um “gênio” próprio.” (BARTHES, A
Câmara Clara, 1984)
Apresentação
Segundo
Enio Leite em seu artigo A história da Fotografia no Brasil - Ela é de
todas as “manifestações artísticas, a primeira a surgir dentro do
sistema industrial. Seu surgimento só foi possível frente á
possibilidade da reprodução. Pode se firmar que a fotografia não poderia
existir como a conhecemos, sem o advento da indústria. Buscando atingir
a todos. Por meio de novos produtos culturais, ela possibilitou a maior
democratização do saber”.
Essa democratização de saberes se
expande por todas as partes da cidade, seja classe alta, média ou até
mesmo nas periferias dos grandes centros, no dia a dia dos que estão à
margem de nossa sociedade ‘evoluída’ e consumista. Numa sociedade onde o
valor está no que é visto e não no que é sentido. Numa sociedade onde
pessoas e hábitos muitas vezes são invisíveis por não estarem plenamente
enquadrados nos padrões econômicos. O sentimento de pertencimento, de
aceitação e de autonomia das populações periféricas passa por um momento
de transformação, onde a arte - a fotografia - empodera essas pessoas
da sua própria realidade.
Movido por essa inquietação o
grafiteiro e fotógrafo José Cleiton Carbonel, faz do graffiti e da
fotografia o meio para defender suas ideias, registrando a Arte Popular
que está espalhada nos becos da periferia do Recife. As ruas pequenas e
estreitas se misturam as cores vivas do graffiti e recebem recortes,
enquadramentos e planos distintos na fotografia. O artista se apropria
da estética caótica das ruas e becos das favelas, reproduzindo a arte do
dia a dia da periferia sobrepostas com cores diversas e vibrantes, o
registro do real e a eternização das cenas da periferia recifense
compõem a Exposição Fotográfica Rua na Rua.
“A
pequena caixa de madeira, criada por Louis Mande Daguerre em 1839,
conseguiu realizar um sonho desejado há milênios. O homem conquistou um
novo passo para a eternidade. Seu registro, após séculos de tentativas,
adquiriu a dinâmica da reprodução do real.” (LEITE, Enio, A história da
Fotografia no Brasil)
A
Exposição Fotográfica Rua na Rua busca harmoniza o cenário da rua com o
dia a dia das pessoas, dando a todos esses elementos um novo viés, a
junção de fotografias, projeções e gaffitis criam enquadramentos e cenas
únicas nas lentes do artista, tornando os moradores protagonistas de
suas próprias histórias. “Afinal o sujeito é sempre mediado pela
linguagem; esta mediação é uma interpelação; a posição do sujeito no
processo não é fechada e sim múltipla e instável”, segundo Mark Pôster.
Durante
a temporada na Europa o Rua na Rua teve sua primeira montagem na Escola
de belas Artes – Kask – dentro do Festival Internacional de Artes
Europália em 2011 na Bélgica. A segunda instalação aconteceu na Galeria
de Arte CROXHAPOX, em Ghent também na Bélgica. Agora queremos mostrar ao
Brasil as ruas do Recife, uma visão de dentro para fora, da periferia
para os grandes centros. Entre as comunidades retratadas estão Campo
Grande, Morro da Conceição e Ilha de Deus no Recife, além de Peixinhos
em Olinda (Região Metropolitana do Recife).
Justificativa
O
que enfrentamos está nas ruas, como podemos modificar provocar e
interferir na realidade das periferias do Recife? Como a arte através da
fotografia e do graffiti pode contribuir para o sentimento de
empoderamento, aceitação, fortalecimento e crescimento das pessoas que
vivem na e da periferia?!
A Exposição Fotográfica Rua na Rua, busca
registrar o dia a dia dessas pessoas e torná-las protagonistas de sua
história e de sua realidade a partir da arte. A Fotografia e o graffiti
são os elementos utilizados para essa ação.
Objetivo
A
Exposição Fotográfica Rua na Rua aborda o dia a dia de comunidades
periféricas do Recife e Região Metropolitana. Ações que giram em torno
dos grafismos espalhados pela comunidade através de graffitis,
pichações, pinturas, colagens feitas pelos próprios moradores em suas
casas e em muros espalhados dentro da favela, além do caos existente
pela falta de saneamento, coleta de lixo e infraestrutura básica. As
comunidades de Campo Grande, Morro da Conceição, Ilha de Deus e
Peixinhos foram escolhidos pelo artista para terem seus cenários
retratados. A Exposição Fotográfica Rua na Rua contará com uma série de
20 fotografias com impressão em banner de lona vinílica, cujas dimensões
serão 50 x 70 cm, e estará disposta num formato de varal, além de
projeção de imagens.
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