quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Rua na Rua Brasil - Tour 2012

RUA NA RUA
A periferia da cidade na cidade

“Em relação à fotografia, eu era tomado de um desejo “ontológico”: eu queria saber a qualquer preço o que ela era “em si”, por que traço essencial ela se distinguia da comunidade das imagens. Um desejo como esse queria dizer que, no fundo, fora das evidências provenientes da técnica e do uso e a despeito de sua formidável expansão contemporâneas, eu não estava certo de que a Fotografia existisse, de que ela dispusesse de um “gênio” próprio.” (BARTHES, A

Câmara Clara, 1984)
Apresentação

Segundo Enio Leite em seu artigo A história da Fotografia no Brasil - Ela é de todas as “manifestações artísticas, a primeira a surgir dentro do sistema industrial. Seu surgimento só foi possível frente á possibilidade da reprodução. Pode se firmar que a fotografia não poderia existir como a conhecemos, sem o advento da indústria. Buscando atingir a todos. Por meio de novos produtos culturais, ela possibilitou a maior democratização do saber”.

Essa democratização de saberes se expande por todas as partes da cidade, seja classe alta, média ou até mesmo nas periferias dos grandes centros, no dia a dia dos que estão à margem de nossa sociedade ‘evoluída’ e consumista. Numa sociedade onde o valor está no que é visto e não no que é sentido. Numa sociedade onde pessoas e hábitos muitas vezes são invisíveis por não estarem plenamente enquadrados nos padrões econômicos. O sentimento de pertencimento, de aceitação e de autonomia das populações periféricas passa por um momento de transformação, onde a arte - a fotografia - empodera essas pessoas da sua própria realidade.

Movido por essa inquietação o grafiteiro e fotógrafo José Cleiton Carbonel, faz do graffiti e da fotografia o meio para defender suas ideias, registrando a Arte Popular que está espalhada nos becos da periferia do Recife. As ruas pequenas e estreitas se misturam as cores vivas do graffiti e recebem recortes, enquadramentos e planos distintos na fotografia. O artista se apropria da estética caótica das ruas e becos das favelas, reproduzindo a arte do dia a dia da periferia sobrepostas com cores diversas e vibrantes, o registro do real e a eternização das cenas da periferia recifense compõem a Exposição Fotográfica Rua na Rua.
“A pequena caixa de madeira, criada por Louis Mande Daguerre em 1839, conseguiu realizar um sonho desejado há milênios. O homem conquistou um novo passo para a eternidade. Seu registro, após séculos de tentativas, adquiriu a dinâmica da reprodução do real.” (LEITE, Enio, A história da Fotografia no Brasil)

A Exposição Fotográfica Rua na Rua busca harmoniza o cenário da rua com o dia a dia das pessoas, dando a todos esses elementos um novo viés, a junção de fotografias, projeções e gaffitis criam enquadramentos e cenas únicas nas lentes do artista, tornando os moradores protagonistas de suas próprias histórias. “Afinal o sujeito é sempre mediado pela linguagem; esta mediação é uma interpelação; a posição do sujeito no processo não é fechada e sim múltipla e instável”, segundo Mark Pôster.

Durante a temporada na Europa o Rua na Rua teve sua primeira montagem na Escola de belas Artes – Kask – dentro do Festival Internacional de Artes Europália em 2011 na Bélgica. A segunda instalação aconteceu na Galeria de Arte CROXHAPOX, em Ghent também na Bélgica. Agora queremos mostrar ao Brasil as ruas do Recife, uma visão de dentro para fora, da periferia para os grandes centros. Entre as comunidades retratadas estão Campo Grande, Morro da Conceição e Ilha de Deus no Recife, além de Peixinhos em Olinda (Região Metropolitana do Recife).
Justificativa

O que enfrentamos está nas ruas, como podemos modificar provocar e interferir na realidade das periferias do Recife? Como a arte através da fotografia e do graffiti pode contribuir para o sentimento de empoderamento, aceitação, fortalecimento e crescimento das pessoas que vivem na e da periferia?!
A Exposição Fotográfica Rua na Rua, busca registrar o dia a dia dessas pessoas e torná-las protagonistas de sua história e de sua realidade a partir da arte. A Fotografia e o graffiti são os elementos utilizados para essa ação.

Objetivo

A Exposição Fotográfica Rua na Rua aborda o dia a dia de comunidades periféricas do Recife e Região Metropolitana. Ações que giram em torno dos grafismos espalhados pela comunidade através de graffitis, pichações, pinturas, colagens feitas pelos próprios moradores em suas casas e em muros espalhados dentro da favela, além do caos existente pela falta de saneamento, coleta de lixo e infraestrutura básica. As comunidades de Campo Grande, Morro da Conceição, Ilha de Deus e Peixinhos foram escolhidos pelo artista para terem seus cenários retratados. A Exposição Fotográfica Rua na Rua contará com uma série de 20 fotografias com impressão em banner de lona vinílica, cujas dimensões serão 50 x 70 cm, e estará disposta num formato de varal, além de projeção de imagens.

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